Planejamento Efetual – Uma alternativa ao plano de negócio

Uma proposta com abordagem mais simples e dinâmica.

Atualizado em: Leitura: 5 minutos

Elaborar um plano de negócio considerando todas as suas etapas pode parecer intimidador inicialmente. Muitos empresários acreditam que esse documento serve somente para grandes empreendimentos e que realizar sua construção não irá gerar valor para o negócio. A sua complexidade pode ser a causa do desconforto, já que conta com sumário executivo, análise de mercado, plano de marketing, plano operacional, plano financeiro, etc.

Mas você sabia que o plano de negócios é significativo para a empresa? Ele é importante para diminuir as incertezas, seja qual for o tamanho do negócio.

Há outros modelos de planejamento que buscam uma abordagem mais simples e que respondem melhor à dinâmica do mercado. Uma alternativa ao Plano de Negócios é o Planejamento Efetual ou Método Efectual, que apesar de não dispensar um planejamento formal, tem uma abordagem mais prática.

No que o Plano Efetual se baseia?

O Modelo se baseia em 5 princípios, Pássaro na Mão, Perdas Aceitáveis, Manta de Retalhos, Limonada e Piloto de Avião. O objetivo principal desse modelo é incentivar o empreendedor a colocar a mão na massa. Entenda cada um deles:

1 – Pássaro na Mão (inicie com o que você tem)

Quem você é? O que sabe fazer? Quem você conhece? O que pode fazer?

Mas por onde começo? Começar quase sempre é uma das maiores dificuldades para quem quer empreender, surgem dúvidas sobre qual negócio é mais vantajoso ou sobre quando o empreendimento exige um investimento e conhecimentos além da sua capacidade atual. Ambos os cenários citados podem paralisar quem está pensando em iniciar seu próprio negócio.

Por isso, o primeiro passo é: comece com o que você tem nas mãos (Pássaro na Mão). Se você não sabe qual ideia de negócio explorar, comece listando as suas habilidades, conhecimentos, contatos, capacidade de investimento, entre outros. Depois de avaliar essas informações, comece a filtrar o que poderia se tornar um negócio com a pergunta. O que posso fazer?

Agora, se você já tem uma ideia de negócio, mas não consegue começar por falta de capital, habilidades ou contatos, simplifique a sua ideia! Avaliando o negócio que você deseja iniciar, quebre-o em blocos pequenos o suficiente para você poder começar com os recursos que tem, mas lembrando, não tão pequenos a ponto de não ser um produto/serviço por si só, precisa ser comercializável. Usando essa abordagem você reduz o risco e as desculpas para não começar, afinal está iniciando com os recursos que tem.

2 – Perdas Aceitáveis (invista só o que puder, ou aceita, perder)

Nem mesmo o mais detalhado processo de planejamento irá prever todos os riscos que quem decide abrir um negócio está correndo. Por exemplo, em 2019, enquanto já ocorriam os primeiros casos de COVID-19 na China, qual o empreendedor poderia imaginar que ele precisaria fechar o seu ponto de venda por vários meses? Que ele precisaria adaptar o seu negócio para venda online/televendas? Mesmo que esse empreendedor tivesse gastado meses planejando o seu negócio, contratando consultorias de planejamento e pesquisas de mercado, provavelmente ele não teria previsto em seu planejamento uma pandemia global.

A proposta desse princípio é limitar as perdas, não tentar prevê-las. Voltando ao nosso exemplo inicial, o empreendedor que começou a fabricar pães na sua própria cozinha produzindo pequenos lotes, limitou os seus riscos, caso o negócio não desse certo ele não perderia muito mais que algumas horas do seu tempo e os ingredientes.

O conceito se assemelha bastante ao do Mínimo Produto Viável (MVP), porém, a ideia vai um pouco além, adicionando ao MVP o limitante de usar os recursos que você aceita perder. Caso você ainda não tenha os recursos necessário deve simplificar ainda mais o produto ou serviço, e ir adicionando complexidade conforme você vai acumulando novos recursos.

3 – Manta de retalhos: Forme parcerias

Empreender, ao contrário do que muitos pensam, não é um processo solitário. Ao longo da vida da empresa várias pessoas vão se somando ao negócio, como por exemplo: clientes, fornecedores, funcionários, sócios, parceiros e outros.

O objetivo do empreendedor ao criar um produto ou serviço é gerar valor ao cliente. Um restaurante, por exemplo, pode gerar valor ao cliente pela experiência, conveniência, sabor, entre outros. Sendo assim, é importante colocar a ideia no mercado e formar parcerias com quem se interessar. No nosso exemplo o empreendedor começou fabricando pequenas quantidades, até que um comerciante se interessou e fez uma encomenda maior, a partir dessa parceria o empreendedor foi desenvolvendo o seu negócio.

Digamos que esse empreendedor, além de um bom cozinheiro, se mostrasse um ótimo vendedor e um concorrente se oferecesse para fabricar por ele, permitindo que focasse nas áreas comerciais da empresa. Ao colocar a ideia no mercado pessoas diferentes irão se interessar por ela, use isso para construir o seu negócio.

4 – Limonada: Lide com contingências

Ao longo da vida de empresa irão surgir problemas (limões), mas mesmo que ocorra um planejamento prévio, não há como antecipar todos os riscos.

Podemos usar como exemplo, novamente, a pandemia, todas as empresas foram pegas de surpresa pela necessidade de fechar os comércios para limitar a circulação de pessoas. Empresas que dependiam apenas do fluxo de clientes na rua precisaram fechar de uma hora para outra seus pontos de venda e, mesmo as atividades que podiam permanecer abertas, viram esse fluxo de clientes diminuir. As que conseguiram se adaptar, começando ou intensificando as vendas online ou televendas foram menos afetadas e, em alguns casos, tiveram um aumento do seu faturamento. E podem se beneficiar ainda mais com a retomada das atividades, recuperando parte do faturamento perdido.

5 – Piloto do avião: Controle, não preveja

Os recursos mais importantes de um empreendedor são tempo e esforço. gastá-los tentado prever coisas que não estão sob o seu controle, que você não pode influenciar se elas irão ou não acontecer, é um desperdício desses recursos preciosos. Por isso, é sempre importante focar os esforços em ações que possam ser controladas.

Eu não posso forçar um cliente a comprar o meu produto em detrimento ao do concorrente (não está sob o meu controle), mas posso entender o que torna esse produto mais atraente e aperfeiçoar a qualidade, preço, condições de pagamentos e entrega do meu produto (sob o meu controle).

Vantagens do Modelo

Pequenos e grandes negócios surgiram usando essa abordagem de planejamento. Buscando na internet, podemos encontrar vários exemplos de empreendedores reais que começaram assim, mesmo que intuitivamente.

O mundo empresarial é cheio de histórias de sucesso, onde o empreendedor ao começar não tinha ideia do que o negócio se tornaria ou quão longe aquele negócio pode chegar, ele simplesmente aproveita as oportunidades conforme elas vão surgindo. Mas o objetivo aqui é apresentar isso como um processo que possa ser copiado e repetido.

Processo

Usar o planejamento efetual é uma forma dinâmica e interativa de empreender, já que ao entrar em contato com o mercado o empreendedor passa a acumular novos recursos ou objetivos.  Mesmo que as suas primeiras tentativas falhem, no mínimo, isso o tornará mais experiente e terá novos contatos.

Esses recursos se tornaram novas respostas para a pergunta O que posso fazer? Por exemplo, ao interagir com o mercado você pode ir acumulando clientes para o seu produto permitindo ampliar o seu negócio, conhecer um fornecedor que lhe permita ter preço e qualidade mais competitivos que os seus concorrentes ou pode notar que há um outro mercado ainda não explorado, que poderia se beneficiar do seu produto. As possibilidades são infinitas e vão sendo construídas conforme o negócio interage com o mercado (Manta de retalhos).

Na imagem abaixo podemos ver os pontos onde o processo se realimenta para gerar novas possibilidades para o empreendedor.

planejamento efetual - modelo

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