Disrupção e empreendedorismo: os ensinamentos de um visionário

Cofundador do Waze e um dos executivos de maior prestígio na atualidade, Uri Levine fala com exclusividade ao Sebrae RS

Atualizado em: Leitura: 3 minutos

“As oportunidades do mercado são sempre maiores que as ameaças”,  pode parecer simples, mas essa visão otimista do mundo do trabalho é também um dos principais pontos defendidos de forma convicta pelo insraelense Uri Levine (www.urilevine.com).

Cofundador da plataforma de navegação mais usada no mundo – a Waze. O inquieto executivo que acaba de lançar a obra “Fall in Love with the Problem, Not the Solution – A Handbook for Entrepreneurs” (Apaixone-se pelo problema, não pela solução – um manual para empreendedores), compartilha com exclusividade ensinamentos e experiências que só quem transita com naturalidade por algum dos principais fóruns de empreendedorismo no mundo pode fazer. 

Uri Levine, fundador da Waze, compartilhou histórias e ensinamentos com os colaboradores do Sebrae RS
Uri Levine, fundador da Waze, compartilhou histórias e ensinamentos com os colaboradores do Sebrae RS

Inovação X Agilidade 

Ao abordar o tema “Como inovar nos negócios tradicionais e criar oportunidades de mercado para pequenos negócios”, em encontro online junto aos colaboradores do Sebrae RS no último dia 15/02, Levine demonstrou que a realidade das pequenas empresas, em muitos casos, pouco difere do ambiente das grandes organizações.

Ainda que o capital seja um fator discrepante conforme o porte de cada empreendimento, a busca por atender aos anseios dos clientes de forma rápida e ágil é a chave para toda e qualquer estratégia de sucesso. “As empresas precisam responder cada vez mais de forma ágil às demandas dos consumidores.

A inovação depende da nossa rapidez em avançar em cada estágio dessa estratégia. Líderes do mercado muitas vezes menosprezam essa ideia e são resistentes em perceber a movimentação dos competidores”, aponta ao lembrar dos cases envolvendo as gigantes Blockbuster Vs. Netflix, e Microsoft Vs.Apple, nos quais as primeiras foram negligentes à ascensão dos novos players.

Com exemplos reais de algumas das maiores empresas do mundo, o especialista alerta para um importante ponto de atenção que diz respeito às empresas de menor porte. “Disrupção é algo naturalmente mais propício para pequenos, para aqueles que não têm nada a perder e podem ousar mais – como as startups”, explica. 

Feedback & retenção

Referência em assuntos como comportamento do usuário, aplicabilidade de produtos, criação de novos mercados, Levine dá luz a outra questão importante: como empreendedores inovadores devem encarar a jornada inicial de uma estratégia. “Quando lançamos o Waze, o aplicativo foi bem recebido em países do leste europeu, mas teve um desempenho ruim no resto do mundo”. O depoimento serve para ilustrar uma das lições que o executivo mais preza: estar atento e próximo ao seu público.

“Quando se lança um produto (ou serviço) é natural que o mesmo não esteja 100% em sua melhor forma. Mas hoje temos a oportunidade de colher feedback e termos uma interação direta com o público ao longo da jornada. Se você demora a ouvir os seus clientes, está certamente em uma trajetória lenta frente aos seus concorrentes”, define.

Nesse contexto onde acertos e erros coexistem, Levine aponta o universo das startups como terreno fértil para a inovação. O executivo, aliás, acumula ainda as funções nas diretorias-executivas das startups Pontera, FairFly, Refundit e SeeTree, além do fundo para criação de empresas, o “The Founders Kitchen” (https://founders.kitchen). “Frustração é a única maneira de encarar desafios”, diz.

Quando o assunto é mensuração de performance, uma palavra aparece repetidas vezes no discurso do executivo que vendeu o Waze por US$1,1 bilhão ao Google em 2013: retenção. “Existem indicadores que são mensuráveis e são importantes, como valor monetário e tempo, por exemplo.

Mas a melhor forma de medir o sucesso de um negócio é a retenção, perceber o cliente retornando a você. É o sinal que o seu produto ou serviço possui um valor único”, comenta. 

E o futuro?  

Com a tecnologia cada vez mais presente na vida das pessoas e com empresas que utilizam modelos de negócios baseados em soluções como Inteligência Artificial (IA) e algoritmos, estariam as pessoas menos propensas a aprender e resolver situações? Sobre este tema, Levine faz uso de um exemplo simplório para deixar uma visão de futuro otimista.

O protagonismo do ser humano parece ser algo que jamais sairá do foco. “Pense numa agenda de telefones. Hoje em dia, ninguém mais memoriza os seus números. São os aplicativos que o fazem por nós. Com isso, abrimos espaço na nossa mente para coisas mais importantes e que têm mais valor para a nossa vida”, explica. 

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