NRF Asia Pacific 2025: Principais aprendizados do evento

Do retail media à inteligência artificial: os quatro temas que estão mudando o jogo no varejo global.

Publicado em: Leitura: 7 minutos

A NRF Asia Pacific chegou ao fim, mas os aprendizados seguem ecoando entre os empreendedores. Realizado em Singapura, o evento reuniu líderes do varejo global para apresentar tendências, tecnologias e comportamentos que já estão moldando o presente e o futuro do consumo.

A Ásia não está só apontando caminhos: ela está puxando a fila da inovação, e a gente precisa ficar de olho nesses movimentos do mercado. Por isso, estivemos presentes nessa edição do evento, buscando traduzir esses insights em ações tangíveis e adaptáveis à realidade do pequeno varejo brasileiro.

Se tu quer seguir por dentro das transformações no varejo, confere nosso conteúdo também no Instagram. Nossos conteúdos trazem dicas práticas, cases e reflexões importantes para os empreendedores que querem alavancar os negócios.

E agora, bora aos principais destaques desse encerramento? Confere abaixo quatro temas que resumem bem o que vimos por lá!

Retail media é o novo negócio do varejo

Uma das mensagens mais fortes da NRF Asia Pacific foi: quem tem dados, fatura, e não só com produto. A mídia virou um negócio em si, e o varejo físico está no centro dessa revolução. 

Na prática, isso significa que a loja física deixou de ser só um local de transação. Agora, ela é palco, mídia e vitrine viva, capaz de influenciar o comportamento de consumo muito além da compra imediata. E isso atrai um novo tipo de parceiro: marcas que nem vendem no ponto de venda, mas querem visibilidade com o público que passa por ali.

A estratégia da FamilyMart é um bom exemplo. A rede japonesa instalou telas digitais em milhares de lojas e passou a exibir vídeos, campanhas personalizadas, humor e até clipes musicais. O resultado foi um alto engajamento, principalmente com as gerações mais jovens, como Z e Alpha. Mais de 70% dos anunciantes são de segmentos que não estão nas gôndolas, mas enxergam valor na audiência do varejo físico.

Esse movimento tem nome: retail media. E ele está ganhando força porque junta três ingredientes valiosos: tráfego físico, dados de comportamento e canais próprios de exibição. Ou seja, se tu tem fluxo de pessoas e sabe quem são essas pessoas, tu tem um ativo que pode ser usado pra comunicar, engajar e, sim, faturar.

Nesse contexto, o varejo físico também precisa operar como mídia. É sobre pensar cada prateleira, cada tela e cada espaço como uma oportunidade de gerar valor pra ti e pra outras marcas.

A Ulta Beauty, por exemplo, usa seus eventos ao vivo nas lojas como conteúdo digital, estendendo a experiência pro ambiente online. O que acontece fisicamente vira vídeo, vira engajamento, vira conversão. Isso mostra que o conteúdo físico e digital precisam trabalhar juntos e o varejo pode (e deve) ser produtor dessa mídia.

Como aplicar no teu negócio:

  • Comece a observar o fluxo da tua loja: quem entra? Por quê? O que chama atenção?
  • Pense em parcerias com marcas locais que queiram aparecer pra esse público — pode ser desde uma tela compartilhada até uma ação conjunta no PDV.
  • Use teus canais (Instagram, WhatsApp, até o caixa da loja) como espaços de mídia.
  • Crie conteúdo a partir da rotina do teu negócio: uma entrega, um cliente fiel, uma dica de produto.
  • E o principal: colete e organize os dados. Saber quem compra, quando e como, te coloca num lugar estratégico pra vender mais e pra comunicar melhor.

IA não é moda passageira: é motor do varejo moderno

Entre as muitas tendências vistas na NRF Asia Pacific, uma das mais importantes é que a inteligência artificial já deixou de ser promessa e virou motor de operação no varejo.

Casos apresentados por empresas como Google, Mastercard e Bain & Company mostraram que a IA está presente em toda a jornada de compra, do momento em que o cliente pesquisa um produto até o pós-venda. E isso não vale só para gigantes: pequenas empresas também podem entender como aplicar esses recursos de forma prática e acessível nos negócios.

Durante a palestra do Google, ficou evidente que a IA está moldando um novo tipo de experiência de consumo: mais visual, automatizada e personalizada. Ferramentas como o Circle to Search e o Google Lens já representam 10% das buscas entre os jovens. A lógica é simples: viu, clicou, comprou. E tudo isso acontece em tempo real, muitas vezes sem o cliente sequer sair da tela do vídeo.

Outro exemplo foi a função “Try it on”, que permite ao consumidor experimentar virtualmente roupas com realismo impressionante. Por trás disso, estão tecnologias como IA generativa, busca multimodal e automação com base em contexto. E tudo isso não é só sobre conveniência. É sobre reduzir atrito, aumentar conversão e entregar relevância em cada etapa da jornada.

Segundo a Bain & Company, estamos entrando na era em que “algoritmos e robôs vão tocar o teu negócio”. Isso inclui precificação dinâmica, reposição de estoque automatizada e atendimento feito por agentes de compra que comparam produtos, monitoram preços e recomendam o melhor custo-benefício, de forma independente. Ou seja, se a tua loja não estiver visível ou bem posicionada nesses ecossistemas, tu simplesmente some da disputa.

A Mastercard complementa esse cenário ao mostrar que o consumidor está mais criterioso, rápido e exigente. Ele quer agilidade, mas também quer uma experiência que faça sentido. E a IA tem um papel central nisso, ajudando negócios a prever comportamento, ajustar ofertas em tempo real e tomar decisões com base em dados, não em achismo.

Mas atenção: adotar IA não é apenas uma questão de instalar ferramentas. É preciso dados de qualidade, cultura digital e clareza estratégica. A tecnologia é um meio, não um fim.

Como aplicar no teu negócio:

  • Comece simples: use IA em plataformas de atendimento, como chatbots no WhatsApp ou sugestões automatizadas no Instagram.
  • Organize os dados: nome, preferência, frequência de compra. Isso já ajuda a criar ofertas mais relevantes.
  • Teste e ajuste: a IA permite testar mensagens, promoções e formatos com agilidade. Aproveita isso para entender o que converte mais.
  • Fique mais visível: pense na tua presença online como vitrine. Otimize textos, imagens e categorias pensando nos algoritmos.
  • Capacite o teu time: tecnologia sem treinamento não dá retorno. Incentive a equipe a usar e confiar nos recursos digitais.

Vídeo é o novo campo de batalha no varejo

Se antes o conteúdo era rei, agora o vídeo é imperador. Nas palestras da NRF Asia Pacific, ficou claro que a forma como o consumidor descobre, avalia e decide o que comprar está mudando, e muito disso passa pela tela do celular.

Hoje, 9 em cada 10 consumidores asiáticos assistem a vídeos antes de fazer uma compra. Em um mercado acelerado, dinâmico e altamente visual como o do Sudeste Asiático, quem não produz conteúdo em vídeo simplesmente desaparece do radar.

Plataformas como YouTube, YouTube Shorts e TikTok estão redesenhando o funil de conversão, transformando desejo em decisão em poucos segundos. O YouTube Shorts, por exemplo, já alcança 2 bilhões de visualizações por dia. E não é só entretenimento: são vídeos compráveis, curtos e envolventes.

Essa nova lógica impacta diretamente o varejo. Não basta só “estar presente” nas redes, é preciso estar de forma estratégica, com conteúdo que conecta e converte.

A palestra da 7-Eleven Singapura reforçou essa visão. Com produtos que viram tendência e somem tão rápido quanto memes, a loja física passou a ser tratada como um hub de experiências rápidas, instagramáveis e conectadas com o digital. Pizzas prontas em 4 minutos, smoothies de edição limitada, chocolates virais e colecionáveis Pop Mart são pensados já com foco em gerar conteúdo nas redes.

Segundo a diretora Anushree Khosla, “conteúdo é o novo marketing de tráfego”. A marca aposta em influenciadores locais, TikTok, campanhas visuais e colaborações com YouTubers pra gerar buzz, fazer a loja “acontecer” no digital e atrair clientes de volta ao físico.

Portanto, o consumidor não vai mais à loja apenas para comprar, e sim vai pra viver algo memorável. Experiências sensoriais, ativações criativas e storytelling envolvente são a base desse novo formato. E tudo isso ganha ainda mais força quando vira conteúdo que pode ser compartilhado.

Do digital ao físico, tudo precisa converter

Por fim, a NRF Asia Pacific também trouxe bastante reflexão e ensinamentos sobre o tema conversão. Seja no físico, no digital ou entre os dois, não existe mais espaço pra ações que não entregam resultado direto. Cada clique, cada visualização, cada visita à loja precisa ter um propósito e gerar impacto.

A nova lógica do varejo não aceita conteúdos genéricos, jornadas longas ou processos que não levam a lugar algum. O foco agora é transformar atenção em ação. Pode ser venda, sim. Mas também pode ser cadastro, engajamento, fidelização ou uma nova visita.

A Mastercard trouxe dados que reforçam essa mudança no comportamento do consumidor. Segundo David Mann, economista-chefe da marca na Ásia-Pacífico, o cliente está mais criterioso do que nunca. Mesmo os públicos com maior poder aquisitivo passaram a comparar preços, avaliar experiências e buscar mais valor percebido. Ou seja: não basta o produto estar disponível, é preciso fazer sentido para o consumidor.

Esse novo cenário de consumo abre espaço pra quem sabe medir, ajustar e otimizar. Quem entende a jornada do cliente consegue entregar mais valor com menos esforço. Como falamos, a Ulta Beauty é um bom exemplo disso: com mais de 95% das compras feitas por clientes fidelizados, a empresa usa dados e inteligência artificial pra personalizar ofertas em tempo real, ajustar canais e reduzir fricções em cada etapa da compra.

Mas o ponto de virada está mesmo na cultura, afinal, atrair é só o primeiro passo. O cliente entra na loja por um motivo, que pode ser um vídeo viral, um evento ou uma vitrine interativa, mas só fica (e volta) se a experiência for consistente e relevante. Isso exige estrutura, planejamento e muito teste.

Mais do que nunca, o varejo virou ciência. Cada clique pode ser medido. Cada mensagem pode ser testada. Cada dado coletado deve servir pra melhorar a experiência. E, como foi dito durante o evento: quem não mede, não melhora. E quem não melhora, desaparece.

Como aplicar no teu negócio:

  • Defina a conversão: quer vender? Criar cadastro? Gerar visitas? Tudo bem, mas defina um objetivo concreto por ação.
  • Crie conteúdo com propósito: reels, posts, banners… tudo precisa levar o cliente pra algum lugar (e de preferência, pra mais perto de comprar).
  • Acompanhe os resultados: é importante se manter atento aos dados atualizados, assim é possível recalcular ações ou investir mais no que dá certo.
  • Use ferramentas simples: QR Code, links com rastreamento, cupons personalizados… são recursos fáceis que te ajudam a entender o que funciona pra tua audiência.
  • Treine o teu time: o atendimento também precisa converter. Cada conversa pode virar uma venda ou um cliente fiel.

No novo varejo, conteúdo bom é o que vende. Uma boa estratégia é a que converte.

Segue com a gente no Instagram @sebraers pra aprender a transformar cada ação em resultado pro teu negócio.

Continue aprendendo no blog:

NRF Asia Pacific: Experiência do cliente e IA estão mudando o jogo

NRF Asia Pacific: o papel da cultura e o varejo como entretenimento

NRF Asia Pacific: Loja física e a importância da conexão com o cliente

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Conteúdo escrito por:

Sebrae
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