E mais um ano termina

E o que podemos esperar de 2024?

Publicado em: Leitura: 4 minutos

2023 está praticamente terminado. Os últimos meses do ano, como sempre, passam ainda mais apressados. Parece que todo mundo tem coisas para terminar, falta tempo e o que ansiamos é o ano novo, com suas promessas, sempre envoltas em fios de esperança.  Então, neste artigo, vamos falar sobre o que passou, mas vamos focar mais no que podemos esperar para 2024. Elaborar cenários sobre o futuro nos ajuda a tomar decisões melhores, a potencializar ganhos e a reduzir perdas.cenário econômico 2024

O cenário internacional

No cenário internacional, 2023 foi mais um ano agitado. Muito do que se viu em 2022, continuou na cena do ano de 2023. A inflação cedeu, mas continua elevada. Com isso, as taxas de juros subiram e a atividade econômica desacelerou. A guerra na Ucrânia continuou, mas gerou efeitos menores do que em 2022. E mais recentemente um novo conflito se adicionou a um cenário já desafiador. Entretanto, a recessão esperada pela teoria econômica não veio para o mundo como um todo.

Os EUA, por exemplo, surpreenderam em 2023. Por lá, a inflação caiu  (mas ainda está acima da meta), os juros atingiram picos históricos, mas o mercado de trabalho continua aquecido e o consumo continua “bombando”, estimulado pela poupança acumulada durante a pandemia. Mas isso dura até quando? Se a teoria econômica não está errada, é apenas uma questão de tempo.  Taxas de juros elevadas por longos períodos tendem a penalizar famílias, empresas e governos.

O ano de 2024 deve ser marcado por isso, com uma desaceleração mais pronunciada na economia americana. A China também deve desacelerar. Na Europa, França e, especialmente, a Alemanha devem melhorar na comparação com 2023.

O cenário nacional

No cenário nacional, podemos dividir o ano em duas partes. O primeiro semestre, que praticamente carregou o ano nas costas, mostrou uma economia resiliente, ainda que o crescimento tenha sido puxado por locomotivas. A agropecuária deu show de produtividade e produção em 2023. Os serviços propriamente ditos evoluíram bem também, especialmente aqueles que viram sua dinâmica estimulada pela performance da agropecuária, como é o caso de transportes.

Já o comércio, mas especialmente a indústria, tiveram suas dificuldades. Se em 2023, o crescimento deve ficar em cerca de 3,0%, para 2024 a perspectiva é bem menos positiva. Atualmente, o Boletim Focus aponta para 1,5% a.a.. É importante salientar, porém, que nos últimos anos, o crescimento verificado foi bem maior do que o estimado. Várias podem ser as justificativas para isso: as reformas realizadas nos últimos anos que podem ter aumentado nosso crescimento potencial, o desempenho extraordinário da agropecuária, além dos múltiplos e intensos estímulos fiscais que tivemos nos últimos anos. Para 2024, todos esses elementos perdem força, especialmente o estímulo vindo do crescimento da agropecuária e, dessa forma, a expectativa é de um crescimento menor.

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Os setores em 2024

E 2024 será um ano igual para todas as atividades? Obviamente não. Atividades diferentes respondem a diferentes estímulos.

Indústria

A indústria deve repetir o comportamento recente. A indústria tem tido dificuldades decorrentes de fatores estruturais. A redução em curso da taxa de juros pode dar algum ânimo, mas nada capaz de gerar muita empolgação.

Serviços

Já no que diz respeito aos serviços, espera-se uma aceleração. O mercado de trabalho está bastante aquecido, apesar de estar perdendo força. De toda forma, teremos mais pessoas ocupadas, em média, em 2024 do que em 2023, e essas pessoas deverão receber rendimentos médios reais superiores aos recebidos em 2023. Com isso, a massa real de salários certamente será maior.

Por outro lado, não deveremos observar um aumento tão significativo das transferências de renda como observados em 2023. Com os preços se comportando melhor, como o esperado (a expectativa é de uma inflação de 3,9% a.a. em 2024), especialmente dos serviços que foram bastante resistentes ao longo de 2023, isso geraria estímulos ao consumo. Além disso, as taxas de juros em queda deverão estimular uma maior demanda por crédito.

O crédito e o consumo em 2024

A expectativa é que Selic termine 2024 em 9,25% a.a., mas essa projeção vem perdendo força. Três elementos serão centrais para estabelecer a dinâmica da Selic em 2024: o cenário internacional, o processo de desinflação em curso e a cena fiscal. Não há discordância de que a taxa de juros irá cair, mas ainda há muita dúvida sobre até onde vai o processo de queda, especialmente com as mudanças em curso no Copom.

De qualquer forma, podemos ver que tanto atividades que são estimuladas por crédito quanto por renda deverão apresentar estímulos. Todavia, contenha-se se você se animou muito ao ler isso. Desde 2014, a confiança do consumidor está abaixo dos 100 pontos, o que indica uma percepção mais pessimista da conjuntura como um todo. Apesar da recuperação em curso desde 2022, a confiança do consumidor reverteu a alta recentemente, indicando que alcançar os 100 pontos continua sendo um desafio. Concluindo, continuaremos a ter um consumidor cauteloso, exigindo ainda muito esforço no  processo de venda por parte do vendedor.

Nesse contexto, é importante que micro e pequenos empresários atentem para:

  1. Consumidores cautelosos têm menos ímpeto de consumo e, portanto, precisam ser conquistados. Nos últimos anos, a concorrência aumentou muito. Então entenda o que seu consumidor busca do seu negócio. Todas as classes sociais no Brasil consideram preço uma variável fundamental na definição do que e onde vai comprar. Isso, porém, é mais relevante para classes mais baixas. E como é possível ter preços competitivos? Sendo mais eficiente. Isso começa pelas compras e passa por todos os processos.
  2. As taxas de juros vão cair, mas não quer dizer que ficarão baixas. Mas todo processo de queda de taxa de juros permite que haja troca de dívidas mais caras tomadas no passado por dívidas mais baixas. Lembre-se: taxas de juros são um preço, pesquise!
  3. Ainda que a conjuntura seja muito importante, jamais ignore mudanças estruturais relevantes. A digitalização do consumo e o envelhecimento acelerado da população vieram para ficar. Ignorar isso e desperdiçar potencial de venda!

Agora que você já conhece o cenário reflita sobre o seu negócio, identifique riscos e oportunidades. Faça um diagnóstico preciso da sua situação e pense cuidadosamente nos próximos passos. Lembre-se de que macrocenários mostram como a economia como um todo tende a se comportar, mas que seu negócio tem características próprias que precisam também ser levadas em consideração. Entretanto, pergunte-se se as hipóteses que você está assumindo são razoáveis. Otimismo sempre precisa ser calibrado com uma grande dose de realismo!

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