NRF Asia Pacific: Loja física e a importância da conexão com o cliente

2º dia da NRF trouxe tendências do varejo, loja física e estratégias para pequenos negócios aplicarem.

Publicado em: Leitura: 6 minutos

A NRF Asia Pacific segue em seu segundo dia trazendo tendências sobre o varejo global diretamente de Singapura, um dos mercados mais acelerados e estratégicos do mundo. Com mais de 55% dos consumidores globais concentrados na Ásia, não é surpresa que as maiores inovações do setor estejam nascendo por lá.

E o que tudo isso tem a ver contigo, que empreende no varejo aqui no Brasil? Tudo. É justamente olhando pra frente, e para o mercado global, que a gente entende como adaptar tendências globais à realidade do pequeno negócio. 

É por isso que estamos acompanhando o evento de perto, trazendo conteúdos práticos e ideias que podem ser traduzidas para o dia a dia de quem vende no bairro, na cidade ou online. E se tu quer receber todas as novidades em primeira mão, te convidamos a seguir o nosso Instagram! Por lá, estamos atualizando tudo o que rola no evento, com conteúdos exclusivos.

Neste segundo dia de NRF Asia Pacific, podemos dizer que o foco dos debates se concentrou no futuro da loja física e como a Ásia está mostrando que é possível fazer a diferença também no varejo raiz.

Confere os principais insights!

A IA e o comportamento de compra híbrido

No segundo dia da NRF Asia Pacific, o tema de Inteligência Artificial (IA) ganhou ainda mais força. Durante as palestras, foram apresentados dados e exemplos práticos de como a IA já está impactando cada etapa da experiência de compra, da descoberta até o checkout.

O que ficou claro é que o comportamento de consumo está cada vez mais híbrido, visual e automatizado. Ferramentas como o Google Lens e o Circle to Search já respondem por 10% das buscas entre jovens. A lógica agora é simples: viu, clicou, comprou. O consumidor de hoje quer descobrir, comparar e decidir tudo de forma rápida, e muitas vezes sem precisar digitar uma palavra.

A IA está por trás dessa fluidez. Ela personaliza experiências em tempo real, recomenda produtos com base em comportamento, testa variações de mensagens e até permite que o consumidor programe uma compra automática se o preço de um item cair. Isso tudo já está acontecendo com a ajuda do modelo Gemini 1.5 Pro.

Outro ponto interessante trazido durante o evento foi o impacto do YouTube na jornada de compra. De acordo com estudos, dois em cada três consumidores descobrem novos produtos através do YouTube ou do próprio Google. E mais: usuários são 1,3x mais propensos a usar o YouTube para comparar produtos do que qualquer outra rede social.

Nesse caso, o destaque vai para o YouTube Shorts, que acumula mais de 2 bilhões de visualizações por dia. Esses vídeos curtos, interativos e compráveis estão aparecendo no topo dos resultados de busca e encurtando o funil de conversão. O desejo vira clique e o clique vira compra, tudo em questão de segundos.

A IA também está se tornando cada vez mais visual e imersiva. A função “Try it on”, por exemplo, já permite que consumidores testem roupas virtualmente com realismo, usando IA generativa para simular caimento, cor e textura. E isso com inventário integrado de diferentes varejistas.

A mensagem é clara: a IA já está moldando o consumo em tempo real. O consumidor não está apenas pesquisando. Ele está sendo assistido, orientado e influenciado pela tecnologia em todos os pontos de contato.

Como aplicar no teu negócio:

  • Recomende produtos com base no histórico: Se um cliente comprou determinado item, ofereça algo complementar numa próxima visita ou envie uma mensagem. Essa é uma forma simples de personalizar a experiência com “mini IA humana”.
  • Use vídeos curtos pra vender: Não precisa ser uma produção de cinema. Um vídeo mostrando o produto em uso ou dando dicas pode aumentar o interesse. E se possível, experimente os formatos de vídeo curto como Reels ou Shorts, que estão cada vez mais presentes na jornada de compra.
  • Teste chatbots gratuitos: Existem opções gratuitas de chatbot que podem responder dúvidas frequentes, mostrar catálogo e até ajudar a encaminhar pedidos, tudo isso com cara de atendimento digital inteligente.
  • Atualize tuas informações no Google Meu Negócio: Isso ajuda o cliente a te encontrar quando procura no Google Maps ou na busca, e tu ainda pode mostrar produtos disponíveis, horário de funcionamento, link pra contato e avaliações, sendo um jeito simples de conectar o físico ao digital.
  • Comece a medir os resultados das tuas ações: Anote o que funcionou melhor, qual mensagem teve mais retorno, qual vídeo gerou mais pedidos, qual dia vendeu mais. Isso te ajuda a “ensinar” tua própria inteligência de negócio.

Loja física: menos quantidade, mais propósito

Ao contrário do que muita gente acredita, a loja física não está em extinção. O que está mudando é o papel que ela ocupa dentro da estratégia do varejo. No segundo dia da NRF Asia Pacific, esse debate trouxe um recado importante: o ponto de venda segue sendo essencial, mas precisa se reinventar com propósito.

A loja deixa de ser apenas um local de transação para se transformar em espaço de marca, experiência e relacionamento. Ela vira palco e vitrine viva. Um canal a mais, e cada vez mais importante, de conexão emocional com o cliente.

Derek Keswakaroon, da Bain & Company, foi direto ao ponto: “Tu não precisa de tantas lojas quanto imagina.” A nova lógica da presença física exige menos expansão em metros quadrados e mais clareza na existência de cada unidade. 

A loja pode ser espaço de experimentação, reforço de posicionamento, ou conveniência localizada, sendo que o segredo está em desenhar a função certa, e não apenas repetir o modelo tradicional.

Desta forma, é necessário repensar o jeito de operar. O consumidor precisa ter um bom motivo pra sair de casa. E esse motivo não pode ser só o preço. A experiência tem que valer o deslocamento, e por isso é importante pensar em ambientação, serviço, curadoria, conteúdo e também com agilidade.

Um exemplo prático vem da rede 7-Eleven, em Singapura. Por lá, a loja foi transformada em um hub de tendências e experiências rápidas. Smoothies criativos, coquetéis DIY, chocolates virais, colecionáveis, e até ativações com TikTokers e influenciadores locais são parte da estratégia pra atrair o cliente. A lógica é clara: se o consumidor busca novidade o tempo todo, a loja precisa ser viva, em constante movimento.

Mais do que isso, é preciso escutar. Como disse Anushree Khosla, da 7-Eleven: Quer atrair o consumidor? Não é sobre IA, nem sobre tecnologia. É sobre ouvir de verdade o que ele quer, quando ele quer, como ele quer.”

Outro ponto essencial é o conceito de omnicanalidade com propósito. Como falamos antes, a loja precisa conversar com o digital. Pedidos antecipados, retirada rápida, programas de fidelidade, gamificação e comunicação integrada ajudam a manter a loja física relevante mesmo num mundo onde tudo parece caminhar pro online.

E aqui vale um alerta importante: ganhar valor não é o mesmo que baixar preço. O cliente atual percebe quando está pagando mais sem receber mais em troca. O desafio está em entregar algo memorável, seja na forma como o produto é apresentado, na ambientação da loja ou na atenção recebida no atendimento.

Como aplicar no teu negócio:

  • Redefina o papel da tua loja: ela é ponto de venda, espaço de experiência, ou ambos?
  • Crie pequenas ativações que chamem atenção e surpreendam o cliente.
  • Invista na ambientação e no atendimento como diferenciais.
  • Use redes sociais pra mostrar o que tá acontecendo na loja em tempo real.
  • Escute o cliente com atenção e se adapte rápido às mudanças no comportamento.

Varejo raiz na versão asiática: o universo que encanta

No meio de tantas soluções tecnológicas e inovações digitais apresentadas na NRF Asia Pacific, um case chamou atenção justamente por seguir o caminho oposto. Em vez de minimalismo, organização impecável e telas por todos os lados, a Don Don Donki aposta em algo que, à primeira vista, parece tudo o que o varejo moderno quer evitar: poluição visual, prateleiras abarrotadas, música alta e excesso de estímulos.

E adivinha? Funciona!

Criada no Japão em 1989, a Don Don Donki virou um fenômeno no Sudeste Asiático e hoje conta com mais de 160 lojas espalhadas pelo mundo, incluindo unidades que funcionam 24h por dia. A proposta da marca é simples: transformar a experiência de compra em entretenimento. E ela faz isso sem filtros, com verdade, e acima de tudo, com autenticidade.

A loja visitada em Singapura durante a NRF é uma avalanche sensorial: produtos empilhados até o teto, uma variedade extrema de itens, embalagens coloridas e barulho por todo lado. Parece bagunçado, mas é um caos intencional, cuidadosamente pensado para fazer o cliente se perder e se divertir ao mesmo tempo.

Essa abordagem mostra que nem sempre inovar significa seguir o que está em alta. O segredo está em entender quem é o teu cliente e o que ele valoriza. A Don Don Donki exporta a cultura de consumo japonesa com verdade, sem tentar se adaptar a um modelo internacional. E é justamente essa autenticidade que faz com que o público se conecte com a marca.

Além disso, a tecnologia também está presente, mas só onde faz sentido. Um exemplo simples e eficaz: QR Codes posicionados nos produtos mostram avaliações em tempo real, ajudando o cliente a tomar decisões com mais segurança, sem precisar acionar um vendedor. É tecnologia na medida certa, agregando valor real à jornada de compra.

No fundo, o que esse case ensina é que o varejo não precisa seguir uma fórmula única. O que parece “errado” ou “exagerado” aos olhos de alguns pode ser exatamente o que encanta outro público. O importante é conhecer o consumidor, respeitar a cultura local e ter a coragem de ser diferente.

Como aplicar no teu negócio:

  • Valoriza o que é teu: incorpore elementos da cultura local ou da tua história para dentro da loja. Pode ser um perfume característico, uma trilha sonora marcante. Algo que seja único!
  • Crie uma experiência única: transforme a visita em algo memorável. Não precisa ser algo caro. Pode ser divertido, sensorial ou simplesmente inesperado.
  • Use a tecnologia com propósito: QR Codes simples, por exemplo, podem ajudar o cliente a tirar dúvidas e acelerar a decisão de compra.
  • Abandone o “tem que ser assim”: observe teu público e experimente soluções fora do padrão. Nem sempre o certo é o que todo mundo faz.
  • Construa a tua verdade de marca: seja autêntico e consistente. O que conecta é a história real, não o discurso montado.

Continue acompanhando a NRF Asia Pacific com a gente!

A cobertura segue nos próximos dias com ainda mais insights direto de Singapura.

Acompanhe tudo em tempo real pelo nosso Instagram: @sebraers. Não perde!

Gostou desse post?

Conteúdo escrito por:

Sebrae
Mais de 1 milhão de pequenas empresas transformadas no Rio Grande do Sul. Estamos juntos para evoluir e potencializar o seu negócio.

Você também pode gostar de: