Tomada de decisão com base em dados: um caminho sem volta
Especialistas respondem porque a cultura analítica está cada vez mais no centro das estratégias - e com direto a espaço próprio, a D.O.C.A.
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Da mesma forma que o combustível move os veículos, os dados movem as empresas. Essa analogia bastante simples e amplamente difundida nos últimos anos no contexto do mundo do trabalho nunca esteve mais próxima da realidade dos negócios. Independente do porte e dos diferentes nichos de atuação, a utilização de informação de valor pode e deve estar no centro da estratégia das empresas que querem manter-se competitivas e sustentáveis.
O depoimento do fundador do Cappra Institute for Data Science (https://www.cappra.institute/), Ricardo Cappra, resume bem essa relação. “Em um cenário onde a competição é global e a transformação digital é acelerada, é inevitável que as decisões sejam orientadas por dados em todos os setores e áreas de negócios”, explica.
E não é só isso. O próprio Fórum Econômico Mundial de 2022, em Davos, na Suíça, apontou que o Pensamento Analítico será uma habilidade fundamental para qualquer profissional até o ano de 2025.
D.O.C.A
Essa tendência aponta acima já é realidade por aqui e o Rio Grande do Sul saiu na frente neste início de ano. O Estado é a primeira unidade do Sebrae RS no País a inaugurar uma estrutura específica para o fortalecimento da cultura analítica no âmbito dos pequenos negócios. A sala de Decisão Orientada por Cultura Analítica (D.O.C.A.) é resultado da priorização da última gestão da organização no uso de dados para a tomada de decisão. Localizado no térreo da sede administrativa do Sebrae RS em Porto Alegre, o novo ambiente colaborativo proporcionará consultas em tempo real sobre empreendedorismo e sobre o mercado gaúcho.
Em seus quase 100 metros quadrados, o projeto foi concebido com a orientação do Cappra Institute for Data Science, entregando um ambiente com características que estimulam o pensamento disruptivo, com linhas, cores e disposição de móveis planejados para estimular dinâmicas de grupos multidisciplinares. Head de Labs no Cappra Institute e responsável pelo projeto, Eduardo Santos, afirma que espaços como esse cumprem um papel no que diz respeito à criação de rotinas de uso dos dados. “Obviamente essa mudança desafia a arquitetura organizacional tradicional e leva a um novo patamar de gestão que exige mais colaboração, fluidez e agilidade, mas é um avanço fundamental para atrair talentos, competir e se diferenciar em um futuro cada vez mais analítico”, analisa.
Quatro perguntas para Ricardo Cappra
Criado em 2018, o Instituto Cappra acumula projetos dos mais diferentes segmentos orientado pela missão de promover a cultura analítica através da ciência de dados. No Brasil, empresas como Unilever, Banco Mundial, Santander, Rede Globo, NovoNordisk, Michelin, Volvo, Abbott, Banco do Brasil e Ambev são algumas das empresas impactadas pelo seu trabalho.
Pesquisador, autor e empreendedor da área da tecnologia da informação desde 1998, Ricardo Cappra hoje lidera um time global e multidisciplinar que investiga o impacto dos dados e da tecnologia da informação na vida das pessoas e das organizações, além de também atuar como membro de conselhos consultivos de empresas, professor e palestrante. Confira abaixo quatro questões respondidas com exclusividade.
- De que forma a cultura analítica contribui com o desenvolvimento das empresas?
Muitos confundem Cultura Analítica com o resultado do avanço de determinadas habilidades técnicas dentro do ambiente corporativo, quando na verdade trata-se de uma nova maneira que as pessoas precisam adotar para lidar com informações. Não é sobre tecnologia, é sobre os fluxos de informação estarem alinhados aos momentos cruciais em que as decisões precisam ser tomadas. Graças aos avanços tecnológicos, os dados já são recursos circulantes nos negócios, mas a cultura analítica representa o momento que as pessoas passam a usufruir dos benefícios dessa transformação de dados em informação, seja através do uso de dashboards, algoritmos ou inteligência artificial.
- No caso da D.O.C.A., qual seu conceito central?
Trata-se de um espaço colaborativo, com infraestrutura física e virtual, para que o processo de análise das situações de negócio ocorra em tempo real, envolvendo profissionais dos mais diferentes níveis de decisão. É o momento onde a informação toma a frente com relação a opinião de um indivíduo, independente do tema ou cargo que ocupe, é a integração do agente decisor com um fluxo real de informação do negócio. Manter esse movimento em silos limita o avanço de uma cultura analítica, a D.O.C.A. representa a transição de um sistema processual para um modelo de negócio informacional.
- Há alguma particularidade diferente deste projeto?
O engajamento da liderança no movimento data-driven (orientado por dados) tem sido um importante diferencial, e isso está acelerando o avanço do Sebrae RS como uma organização analítica. Geralmente, algumas áreas de negócio costumam avançar mais que outras em projetos desse tipo, gerando um certo desequilíbrio na gestão, pois a força motriz das decisões passa a não ser a mesma. A maneira que a governança estratégica está tratando o tema é realmente como uma ruptura de cultura, e isso transforma a ativação de uma sala de decisões em um elemento central do negócio, uma organização que coloca os dados como recurso fundamental para os movimentos estratégicos.
- De que forma o espaço deve contribuir com a cultura analítica?
A sala é a materialização de um movimento estratégico, uma referência estrutural de uma nova postura da organização com relação a maneira como as decisões são tomadas e resultados são medidos. A partir de agora, decisões que não sejam orientadas por dados vão ser confrontadas pelo próprio fluxo da informação, criando assim uma democracia analítica, ou seja, mais pessoas participando desse julgamento utilizando-se de evidências.
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