O que esperar de 2023 no mercado de alimentos e bebidas?
Agilidade nas ações corretivas, agilidade para tomada de decisão e flexibilidade no modelo de negócios continuam sendo essenciais para os desafios de 2023.
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O ano de 2022 foi desafiador para empreendedores que atuam no mercado de alimentos e bebidas, principalmente pelas incertezas que pairavam sobre os negócios quando boa parte das empresas estavam estruturando os seus planos ainda em 2021. O que podemos esperar do mercado de alimentos em 2023?
Se por um lado a pandemia foi superada, a guerra da Ucrânia, as eleições e a Copa do Mundo trouxeram o tempero que faltava para manter o cenário com uma boa pitada de complexidade.
O que dizem os especialistas?
No segmento de alimentação fora do lar, um dos maiores geradores de empregos no Brasil, a expectativa para 2023 é de crescimento baixo, mas é positiva. O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), Paulo Solmucci, projeta desafios para o mercado de alimentos 2023, apostando em uma expansão tímida dos bares e restaurantes. “O ano de 2023 dependerá muito do cenário macroeconômico, mas a nossa expectativa é de que o setor continue a crescer”, diz o executivo.
Fábio de Francisco, diretor e sócio-fundador do BaresSP sinaliza que “espera por uma recuperação plena dos estabelecimentos de alimentação fora do lar só a partir do segundo semestre de 2023”, projetando que ainda vai ter a turbulência da inflação no primeiro semestre. “Depois do primeiro semestre, a coisa tende a estabilizar mais e vir realmente a retomada total do setor” avalia Fábio.
Serviços
Um dos mais renomados consultores e conselheiro de empresas do mercado de alimentação fora do lar, Sergio Molinari, fundador da Food Consulting, destaca que o ano de 2023 vai ter crescimento real, mas pequeno. Molinari adverte que, desta forma, se as empresas querem buscar crescimento na casa de 15%, 20% ou 30%, precisarão ganhar a participação de mercado de alguém.
Indústria
Sob o ponto de vista de indústria de alimentos e bebidas, João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), aponta que para 2022 está previsto um crescimento real de 10,2%, superando os 3,2% de 2019 (pré pandemia). O desempenho, entretanto, não coloca esse mercado no patamar registrado antes da pandemia, mas demonstra uma importante recuperação que deverá seguir por 2023 e 2024. Dornellas reforça que no ano passado o segmento de alimentação fora do lar movimentou R$ 460,3 bilhões e representou 26,3% (R$ 176,3 bilhões) das vendas da indústria de alimentos no mercado interno. A previsão é de que o fechamento dos números de 2022 sinalize o faturamento aproximado de R$ 543 bilhões, com participação de 27,3% (R$ 208,2 bilhões) nas vendas da indústria alimentícia.
Agronegócio
Sob a ótica do mercado do agronegócio, Carlos Mera, chefe de pesquisa de mercado de commodities agrícolas do banco Rabobank, aponta que “os preços das commodities agrícolas estão cerca de 50% mais altos do que nos tempos pré-pandêmicos, desta forma, os preços do café, grãos e oleaginosas podem cair em 2023, mas permanecerão altos em termos históricos. O relatório do banco aponta que os consumidores enfrentam um cenário macroeconômico sombrio, com escassez de energia, perigo geopolítico e escassez contínua de algumas commodities importantes, como o trigo. Carlos destaca que “os preços agrícolas podem recuar, não porque a produção vai melhorar significativamente, mas porque a demanda deve ser muito fraca.
Pontos importantes
Analisando as informações de especialistas de diferentes elos das cadeias produtivas de alimentos e bebidas (serviços, indústria e agro), verifica-se que o cenário para o ano de 2023 sinaliza crescimento baixo e sugere cautela para as estratégias de crescimento. Desta forma, previsões e análises com revisões de curto prazo devem ser priorizadas. Agilidade nas ações corretivas, realizadas conforme os impactos dos acontecimentos durante o ano, serão decisivas em um cenário de tamanha incerteza. Por sinal, agilidade para tomada de decisão e flexibilidade no modelo de negócios foram dois grandes aprendizados dos empreendedores nos últimos anos.
Com este pano de fundo, apresentamos 10 sugestões para os empreendedores do mercado de alimentos e bebidas em 2023:
- Profissionalizar a gestão financeira da empresa (utilizar apoio de sistemas e de profissionais especializados no assunto);
- Controle de custos e redução de desperdício (comunicar a equipe, estabelecer metas e indicadores relacionados ao tema);
- Definir processos para garantir padrão e segurança na produção (rotina de treinamento e monitoramento conectados aos indicadores e metas);
- Monitoramento do comportamento e necessidades dos consumidores (acompanhamento de pesquisas de tendências de consumo e das avaliações e comentários dos clientes nas pesquisas de satisfação);
- Ajuste e desenvolvimento de produtos/cardápio a partir da demanda do mercado (a partir das pesquisas, avaliações, sazonalidade do mercado e do acompanhamento do CMV e indicadores financeiros);
- Presença digital atualizada e ágil (acompanhamento dos canais de venda digitais com ações de correção sobre comentários e avaliações de clientes);
- Comunicação efetiva e transparente com os clientes (criação e aprimoramento sobre posicionamento, cultura e política de relacionamento com os clientes);
- Desenvolvimento e valorização da equipe (seleção de equipe, estruturação de equipe ideal, estabelecimento de cultura positiva no negócio, avaliação de salários e benefícios);
- Uso da tecnologia para apoiar a organização e o desenvolvimento do negócio (aumento de produtividade, eliminar tarefas desnecessárias, informações em tempo real e fonte única de informações);
- Implementação e monitoramento dos indicadores de desempenho da empresa (exemplos de indicadores: % do CMV sobre vendas, % do CMO sobre vendas, crescimento de produtos/itens do cardápio, avaliações de clientes).
Quer mais conteúdo? Consulte nosso material completo sobre O Que Esperar do Mercado de Gastronomia para 2023.
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